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REDE ELÉTRICA NO RS - O PANORAMA PARA JUNHO 2024 RESILIÊNCIA DO SISTEMA ELÉTRICO GAÚCHO FRENTE AS ENCHENTES - PARTE II

Prof. Dr. Mauricio Sperandio - Universidade Federal de Santa Maria





Passados 30 dias do início das enxurradas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o sistema elétrico ainda está longe de se recuperar completamente. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no dia 29 de maio continuavam fora de operação 24 linhas de transmissão, 8 transformadores e 3 usinas, inclusive a Subestação Nova Santa Rita, importante ponto de atendimento às cargas da região metropolitana de Porto Alegre. Essa SE (subestação) ficou completamente alagada, chegando a um nível de 1,80 m de água no pátio, afetando o seu centro de proteção e controle. Não há previsão para o seu reestabelecimento completo.


RESILIÊNCIA DO SISTEMA ELÉTRICO GAÚCHO
RESILIÊNCIA DO SISTEMA ELÉTRICO GAÚCHO

O ONS e a CPFL Transmissão (CEEE-T) concluíram no dia 22 de maio o processo de conexão provisória da LT (linha de transmissão) 230 kV Cidade Industrial/Lajeado 2, formada pela composição das LT 230 kV Cidade Industrial/Nova Santa Rita C.1 e LT 230 kV Nova Santa Rita/Lajeado 2, e a conexão também provisória da LT 230 kV Cidade Industrial/Candelária 2, formada por sua vez pela composição das LT 230 kV Cidade Industrial/Nova Santa Rita C.2 e LT 230 kV Nova Santa Rita/Candelária 2. Entre os ativos da rede de operação afetados pelo evento e que retornaram à operação estão 11 linhas, 7 transformadores e a UHE Dona Francisca.

Em resposta à situação de calamidade, mais de 120 profissionais da subsidiária Eletrobras CGT Eletrosul foram a campo, incluindo técnicos do próprio estado e o apoio de colaboradores de outras regiões do país, como Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Neste mesmo período, a fiscalização da ANEEL realizou diligências para verificar as condições das instalações da CPFL Transmissão e Eletrobras CGT Eletrosul afetadas pelas fortes chuvas, em que sobrevoou diversas subestações que ficaram alagadas, como Cidade Industrial e Canoas 2, e verificou a situação de diversas torres que sofreram com desmoronamento, tendo suas fundações deslocadas. Logo após, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o prejuízo causado na rede elétrica do RS ultrapassa R$ 1 bilhão, e que o governo trabalha em uma medida provisória que vai autorizar a utilização de recursos do excedente econômico de Itaipu para atender a população afetada no estado.

As equipes das distribuidoras seguem trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia, apesar da chuva que voltou a assolar a região. A redução do número de consumidores interrompidos tem sido gradual, e até o dia 30 ainda eram 55.518. Várias áreas alagadas seguem desligadas preventivamente por questões de segurança, atendendo às solicitações da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e das prefeituras.


Foram mais de 6 mil profissionais do setor elétrico mobilizados, e equipamentos enviados de outras distribuidoras do Brasil para ajudar na reconstrução dos ativos que foram destruídos. Um grupo de mais de 100 profissionais que trabalham diretamente com redes subterrâneas da Light e da Enel foram embarcados do Rio de Janeiro, e se somam a 51 da Equatorial Goiás, especializados na instalação de subestações, com a missão de reconstruir as SEs Porto Alegre 2 e 7, que foram afetadas pelos alagamentos. É a primeira vez que ocorre tal compartilhamento de pessoal e equipamentos entre concessionárias, a exemplo do que acontece em tragédias provocadas por furacões e tornados nos EUA.


A Cemig cedeu um helicóptero que realizou quase 40 horas de voos e apoio no resgate de moradores, além de inspecionar cerca de 200 km de rede elétrica atingida. Algumas subestações móveis também foram transferidas para atendimento ao estado, com a ajuda de 25 bombas de sucção para a retirada da água acumulada, cujo bombeamento também está beneficiando áreas residenciais.


O sistema elétrico do Rio Grande do Sul está demonstrando sua resiliência, com a capacidade de recuperação dos ativos atingidos. Daqui a diante, é preciso se adaptar perante esse cenário inesperado, para que as próximas cheias não sejam tão impactantes.


A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), publicou recentemente uma nota técnica onde são discutidas as perspectivas futuras das mudanças do clima para o Brasil e os potenciais impactos no sistema elétrico, com o objetivo de formar uma base de conhecimento para avaliações com foco em aumentar a sua resiliência. Dentre as vulnerabilidades às condições climáticas listadas estão a disponibilidade de recursos, como a água, a irradiação solar e os ventos, o comprometimento de safras das culturas bioenergéticas, a perda de eficiência nos sistemas de geração e transmissão, os danos às infraestruturas energéticas e o aumento na demanda por energia.



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